Página:As Minas de Prata (Volume VI).djvu/158

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estava aberto nos cânticos místicos, à página onde se encontram estes versetes suaves:


“Meu querido é para mim como um feixe de mirra; ele dormirá em meu seio.
“Meu querido é para mim como um cacho das uvas de Chipre, colhidas nos jardins de Engaddi.
“Tu és belo, meu querido, tu és cheio de graça; nosso leito está semeado de flores.”


Alguma vez a linda judia deixava a mão frouxa e fatigada com o peso do livro pender sobre o colo; seus olhos, fugindo pelas lisonjas da janela, iam-se ao azul etéreo em busca de uma querida imagem ausente. Ela recordava Estácio; os dias rápidos que passara junto dele, em doce contato; as palavras que trocado haviam durante os belos crepúsculos da tarde à tolda do bergantim. E nesse curto prazo de algumas semanas resumia uma existência inteira, o passado, o presente e o futuro.

A baunilha, a linda e fragrante parasita de nossas matas, que sobe em zigue-zague pelos troncos, às vezes é mutilada pela foice do lenheiro; da formosa haste apenas resta um fragmento, que adere ainda à árvore. Dotada de uma grande força de vegetação, imediatamente novas raízes despontam, que penetram o córtice