Página:As Minas de Prata (Volume VI).djvu/221

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lhe acabar com uma luta que desviava a sua atenção de outro ponto; mas por timbre assentou de não o fazer senão no último dia, que era esse em que estamos.

É quase supérfluo advertir, para quem já conhece Molina, que não se resolvera a abrir mão do velho manuscrito, sem a plena certeza de não ocultar ele algum segredo recôndito. Repassou-o dos mais poderosos agentes químicos, para o caso de haver entre a escritura aparente alguma simpática e invisível; estudou a forma, o tamanho e até as dobras do pergaminho. Quando se convenceu que toda a alma desse espojo a tinha ele influído em sua inteligência, então decidiu-se a restituí-lo.

Saíra entanto o visitador da longa meditação, e tomando a pena, escreveu em um quarto de papel estas palavras: — “O Senhor Fogaça pode vir”. — Embrulhado o escrito em uma moeda, achegou-se da janela e o arremessou na rua. O coqueiro ao longe estremeceu de leve, e uma sombra rápida cortara os ares ao longo da haste, como se um coco do cacho houvera caído. Molina voltou o rosto para o mar, simulando contemplar a barra; quando retrocedeu a vista o papel havia desaparecido,