Página:As Minas de Prata (Volume VI).djvu/231

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aia. Aproximando-se do confessionário, que ficava mais na sombra, esperou trêmula e palpitante.

Veio Molina. Avançou lento e severo; a um aceno seu Dulce ajoelhou:

— Aqui estou a vossos pés, senhor; mas não para me confessar!...

— A que vindes então, pecadora, e por qual razão me dais um mundano tratamento, que não é aceito na casa de Deus por seus ministros?

— Vim para vos suplicar!

— Suplicai ao Onipotente!

— E a vós!... Por piedade restituí-me aquele que perdi e era o meu único bem e felicidade!...

— Sois então muito desgraçada? murmurou o frade com um ligeiro estremecimento na voz.

— Ah! exclamou Dulce travando-lhe da mão. Tendes compaixão de mim!... Obrigada!

— Deus ensinou a caridade! respondeu o frade esquivando a mão. Mas que posso eu em vosso bem?

A dama, através das grades do confessionário, pôs nele uns olhos cheios de exprobrações:

— Ainda pretendeis negar-vos à minha lembrança, que vos reconhece, Vilar, e vos está vendo como no dia em que o bom cura de Palos nos