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XXX

Este vi navegando a Cabo Frio,
Seguido de outras naus a forte empresa;
E que, tratando afável co gentio,
Explorava do sítio a natureza;
Mostrava aos naturais animo pio;
E argüindo-lhe a gente portuguesa,
Induz a nação bruta a que lhe assista
Na empresa do comércio e da conquista.

XXXI

Voltou a França o Cabo diligente,
Tendo de ricas drogas carregado,
E, convocando às naus armada gente,
Torna de turba ingente acompanhado.
Nem tarda do sertão cópia potente
De um povo, que, nas armas aliado,
Por amigo estimava mais sincero,
Menos inculto sim, porém mais fero.

XXXII

Ali Villegaignon, que o troço aloja,
Às gentes do sertão se confedera,
E toda a costa a dominar se arroja,
De onde os nossos expulsar já espera.
De seu comércio o português despoja
Na fértil Paraíba, em que útil era;
Nem há na costa do Brasil enseada
Que o huguenote não tenha bloqueada.