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LXXXI

Ruiter e Duchs com legião potente
A porta invadem de S. Bento em fúria;
Mas, rebatidos de impressão valente,
Cessam, fugindo da intentada injúria.
Mas tão funesto horror concebe a gente,
Que a guerra ignora com profunda incúria,
Que. quando faz que Ruiter não se arroje,
Deixa o terreno e do vencido foge.

LXXXII

Furtado de Mendonça, que não vira
Jamais do medo vil a fronte escura,
Com setenta somente a face vira,
E sem mais que o seu peito a praça mura:
O amor da pátria, que o furor lhe inspira,
Faz que, da vida desprezando a cura,
Se arroje o luso ao batavo que o inunda,
E um fira, um despedace, outro confunda.

LXXXIII

Mas, vendo na manhã que o céu descobre
A cidade do povo abandonada,
Nem mais que o peito de Furtado nobre
Com poucos dos setenta na esplanada,
Teme que num só peito o valor sobre,
E que, deixando a empresa retardada,
Socorro venha donde bom partido
Ao bravo chefe se ofereceu rendido.