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1062 DOM JOAO VI NO BRAZIL

portancia, nao a desejava elle porem revestir no tablado do Rio de Janeiro: aspirava ao scenario da velha Europa, onde deixara sua familia, suas amizades, suas relagoes, seus habitos, tudo quanto reclamava sua natureza acostumada a boa con- vivencia cosmopolita, a circulos polidos em que era conhecido e bemquisto, e sem os quaes nao comprehendia sequer a existencia.

Era o caso de dizer-se de Palmella o que sobre os ou- tros fidalgos elle escrevia a esposa: Todos choram as ce- bolas do Egypto, e voltam a cara para o Oriente" (i). So Dom Joao VI, verdade seja, nao tinha saudade alguma das cebolas. Entendia que o passado, passado ; a Terra da Pro- missao chegara quando puzera o pe na exotica Bahia, e a nada de melhor voava sua ambi^ao do que ao ramerrao na quinta da Boa Vista.

Tambem Palmella, malleavel como sempre se mostrou, sabendo ageitar as ideas as circumstancias, logo mudou de piano para nao perder tempo com o que se Ihe afigurou summamente improvavel, e, tomando ares de bom cortezao, adheriu ao parecer dos que suggeriam ser preferivel a con- tinuacao do Rei no Brazil e a mudanga para Portugal do Principe Real. A ida de um ou de outro era todavia for- gosa e inadiavel, e o ministro dos negocios estrangeiros a instigava no sincere intento de poder organizar-se e mode- lar-se o movimento constitucional : nao a aconselhava como Thomaz Antonio nas suas palavras o mais inepto e o mais lisonjeiro de todos os homens (2) para ser apenas levada a effeito, como recompensa, depois de garantida a manutengao

��(1) D. Maria Amalia Vaz de Carvalho, Vida do Duque de Pal- mclla (Documentos).

(2) D. Maria Amalia, 06. cit. (Documentos.)

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