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ESPUMAS FLUCTUANTES


Foi loucura!... No Qccaso tomba o astro,
A estatua branca e pura de alabastro

— Se mancha em lodo vil...
Quem rouba a estrella — á tumba do occidente*
Que Jordão lava na lustral corrente

O marmóreo perfil?...

Talvez!... Foi sonho!... Em noite nevoenta
Ella passou sósinha, macilenta,

Tremendo a soluçar...
Chorava — nenhum echo respondia....
Sorria — a tempestade além bramia...

E ella sempre a marchar.

E eu disse-Ihe: — Tens frio? — arde minha alma.
— Tens os pés a sangrar? — podes em calma

Dormir no peito meu.
Pomba errante — é meu peito um ninho vago!
Estrella — tens minha alma — immenso lago —

Reflecte o rosto teu!...

E amámos.. Este amor foi um delirio...
Foi ella minha crença, foi meulyrio,

Minha estrella sem véo...
Seu nome era o meu canto de poesia,
Que com o sol —. penna de ouro — eu escrevin

Nas laminas do céo.