Frederico um pouco espiritualisado dizia chalaças funambulescas ao Zé de Deos, que muito vermelho, com o nariz como um pimentão maduro, devorava um pedaço de queijo, regando-o a miudo com Madeira.
—D. Luiza, seu compadre não viaja hoje.
—Porque ?
—Oh! pois a senhora não vê como elle tem trabalhado ?—e apontava para os pratos que tinham o aspecto da carestia.
E suspirava com a bocca muito cheia.
—O que fez comer mais um pouco foi o choriço ; e minha comadre, a fallar a verdade, depois que vim de Portugal, ainda não bebi tão bom vinho.
—E' soffrivel ;—respondeu D. Luzia.
—O Zé de Deos estava cheio e dizendo muitas liberdades.
—O' Chico ! dá cá o choriço ahi ! E tomando o prato puchava com a colher como se esta fosse uma pá.
—Sou doudo por isto, já me aconteceu uma que vou contar.