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Iracema soltou-se dos braços do mancebo, e olhou-o com tristesa:

— Guerreiro branco, Iracema é filha do Pagé, e guarda o segredo da jurema. O guerreiro que possuisse a virgem de Tupan morreria.

— E Iracema?

— Pois que tu morrias!...

Esta palavra foi como um sopro de tormenta. A cabeça do mancebo vergou e pendeu sobre o peito; mas logo se ergueo.

— Os guerreiros de meu sangue trasem a morte consigo, filha dos Tabajaras. Não a temem para si, não a poupão para o ennemigo. Mas nunca fora do combate elles deixarão aberto o camocim da virgem na taba de seu hospede. A verdade fallou pela boca de Iracema. O estrangeiro deve abandonar os campos dos Tabajaras.

— Deve: respondeu a virgem como um echo.

Depois a sua voz suspirou:

— O mel dos lábios de Iracema é como o favo que a abelha fabrica no tronco da guabiroba: tem na doçura o veneno. A virgem dos olhos azues e dos cabellos do sol guarda para seu guerreiro na taba dos brancos o mel da assucena.