Página:Iracema - lenda do Ceará.djvu/89

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terra hospedeira, nem deixá-la no coração de Iracema!

A virgem ficou immovel.

— Vae, e torna com o vinho de Tupan.

Quando Iracema foi de volta, já o Pagé não estava na cabana; tirou a virgem do seio o vaso que ali trazia occulto sob a carioba de algodão entretecida de penans. Martim lh'o arrebatou das mãos, e libou as gotas do verde e amargo licor. Não tardou que a rêde recebesse seu corpo desfallecido.

Agora podia viver com Iracema, e colher em seus labios o beijo, que ali viçava entre sorrisos, como o fructo na corolla da flôr. Podia ama-la, e sugar desse amor o mel e o perfume, sem deixar veneno no seio da virgem.

O goso era vida, pois o sentia mais vivo e intenso; o mal era sonho e illusão, que da virgem elle não possuía mais que a imagem.

Iracema se affastará e oppressa e suspirosa.

Abrirão-se os braços do guerreiro adormecido e seus labios; o nome da virgem resoou docemente.

A juruty, que divaga pela floresta, ouve o terno arrulho do companheiro; bate as asas, e vôa á conchegar-se ao tepido ninho. Assim a