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AFFONSO CELSO

as perolas soltavam claridades pallidas de luar.

Idolo extranho; flôr de sonho, crivada de pyrilampos divinos!

Lupe deixou que a admirassemos á vontade n’aquella apotheóse. Aprumava soberba o porte, donosa e feliz. Depois debruçou-se da amurada, bradando:

— Eis-me em trajo proprio para visitar nymphas. E se me atirasse agora ao fundo d’agoa?!... Teria, ao menos, mortalha e sepulchro dignos de mim...

E inclinou-se mais no parapeito, como se tencionasse realmente effectuar a ameaça. Da sua imagem, pendida sobre as ondas, brotavam reflexos fugazes e tremeluzentes de fabulosa apparição.

Mas o judeu impacientissimo julgou que o gracejo se prolongava demasiado. Correu para ella, as