Approximei-me de Liduina.
O instincto disse-me que o caminho era por alli.
Approximei-me da mucama, e depois de lhe cair em graça, captando-lhe a confiança, disse-lhe um dia a minha tortura:
— Liduina, tenho um segredo n'alma que me mata, mas tu poderás salvar me. Só tu. Preciso do teu soccorro... Juras auxiliar-me ?
Ella espantou-se da confidencia, mas, insistida, rogada, implorada, prometteu quanto pedi.
Pobre coitadinha! Tinha uma alma irmã da minha e foi ao comprehender su'alma que pela primeira vez alcancei todo o horror da escravidão...
Abri-lhe o meu peito e revelei-lhe em phrases candentes o amor que me consumia.
Liduina, a principio, assustou-se. Era grave o caso. Mas quem resiste á dialetica dos apaixonados? E vencida afinal, prometteu auxiliar-me.
Liduina agiu por partes fazendo desabrochar o amor no coração da senhora sem que ella o percebesse.
A principio, uma vaga e discreta referecia á minha pessoa:
— Sinhazinha conhece o Fernão ?
— Fernão ?!... Quem é ?
— Um moço lindo, lindo, que veiu do reino e toma conta do engenho...
— Si já o vi, não me lembra.