— Tinhas razão, dissera-lhe Izabel, é um bonito rapaz. Mas não lhe vi bem os olhos. Que acanhamento ! Parece que tem medo de mim... Duas vezes que o olhei de frente, duas vezes os baixou.
— Vergonha, disse Liduina. Vergonha ou...
— ... ou quê ?
— Não digo...
A mucama, com o seu fino instincto de mulher, comprehendeu que não era tempo ainda de pronunciar a palavra amor.
Pronunciou-a dias depois, quando percebeu a menina sufficientemente madura para ouvil-a sem escandalo.
Passeavam pelo pomar da fazenda, então no auge da florescencia.
As laranjeiras nevadas de flores estendiam pelo chão uma alcatifa de petalas mortas.
O ar embriagava, tanto perfume ia nelle solto.
A belhas aos milhares, e colibris, zumbiam e esfusiavam n'um delirio orgiaco.
Era a festa annual do mel.
Liduina, percebendo em Izabel o trabalho des amavios ambientes, aproveitou o ensejo para um passo mais :
— Quando eu vinha vindo vi o seu Fernão sentado na pedra do muro. Uma tristeza...
— Que será que elle tem ?! Sandades da terra?
— Quem sabe ? Saudades ou...
— ... ou quê ?
— ... ou amor.