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nhando uma outra, lerdóta, e trazendo-a a espernejar entre os dedos.
— E' ver uma casca de arvore com musgo. Espertalhona ! Assim se disfarça que ninguem a percebe quando está sentadinha. E' como o periquito, que está gritando numa arvore em cima da cabeça da gente e a gente não o vê.
Por falar em periquito : porque Sinházinha não arranja um casal ?
Izabel tinhao pensamento longe d'alli. A mucama bem o sentia, mas muito de industria continuava na tagarelice :
— Dizem que se querem tanto, os periquitos, que quando um morre o companheiro suicida-se. Tio Adão teve um assim, que se afogou numa pocinha d'agua no dia em que a periquita morreu. Só entre os passaros ha coisas dessas...
Izabel continuava absorta. Mas em dado momento quebrou o mutismo :
— Porque te lembraste de mim, nesse negocio do Fernão ?
— Porque ? repetiu Liduina cavorteiramente. Porque é tào natural isso...
— Alguem te disse alguma cousa ?
— Ninguem. Mas si elle ama de amor, aqui neste sertão, e está assim agora, depois que Sinhazinha chegou, a quem ha de amar?... Ponha o caso em si. Si Sinházinha fosse elle, e elle fosse Sinházinha...
Calaram-se ambas e o passeio terminou no silencio dos que dialogam comsigo proprio.