Izabel dormiu tarde essa noite. A idéa de que sua imagem enchia o coração de um homem esvoaçava-lhe na imaginação como as abelhas do laranjal.
— Mas é um subalterno! allegava o orgulho.
— Que importa, si é um moço rico de bons sentimentos ? retorquia a natureza.
— E bem pode ser que fidalgo !... accrescentava, insinuante, a phantasia.
A imaginação veiu tambem á tribuna :
— E inda pode vir a ser um poderoso fazendeiro. Que era o capitão Aleixo na idade delle ? Um simples arreador...
Já era o Amor que assoprava taes argumentos...
Izabel ergueu-se da cama e foi á janella.
A lua em mingoante quebrava de cinerio o escuro da noite.
Os sapos no brejal latiam melancholicos. Vagalumes tontos riscavam phosphoros no ar.
Era aqui... Era aqui neste quarto, era aqui nesta janella !...
Eu a espiava de longe, nesse estado de extase que o amor provoca deante do objecto amado.
Longo tempo a vi assim, immersa em scismas. Depois, fechou a persiana e... o mundo para mim encheu-se de trevas.