Depois, nessa ansia de confidencia que nasce ao primeiro luar do amor, disse, corando :
— Liduina, parece-me que estou ficando doente... da doença que faltava.
— Pois é tempo, exclamou a finoria arregalando os olhos. Dezesete annos...
— Dezeseis.
— Dezeseis e onze mezes. E' tempo !...
E cavillosa :
— Algum fidalguinho da Côrte ?
Izabel vacillou de novo ; por fim disse :
— Eu tenho o meu namorado no Rio — é namoro só. Amor, amor, desse que bole cá dentro com o coração, desse que vem vindo, vem vindo e chega, não ! Não, lá...
E em cochicho ao ouvido da mucama, corando como a romã :
— Aqui !...
— Quem ? perguntou Liduina simulando espanto.
Izabel murmurou imperceptivelmente :
— Elle !
Corrigiu-se logo, porém :
— Mas é um comecinho só. Vem vindo...
Veiu vindo e chegou. Chegou e destruiu todas as barreiras. Destruiu as nossas vidas e acabou destruindo esta fazenda. Estas ruinas, estas corujas, este morcegal, tudo isto é a florescencia de um grande amor...