Approximou-se Liduina da arvore e fez vãs tentativas para marinhar galhos acima.
— Impossivel, Sinházinha, só chamando alguem. Quer?
— Pois vae chamar alguem.
Liduina partiu correndo e Izabel teve a previsão nitida de "quem" viria. De facto, momentos depois appareci eu.
— Senhor Fernão, desculpe-me, disse a moça Pedi áquella maluca que chamasse algum preto para colher pitangas e foi ella incommodal-o...
Perturbado pela sua presença e com o coração aos pulos, gaguejei, para dizer algo :
— São pitangas que quer ?
— Sim, Mas falta uma cestinha que Liduina foi buscar.
Pausa.
Izabel, tão senhora de si, percebi-a nesse momento embaraçada como eu. Não tinha o que dizer. Silenciava. Por fim :
— Móe canna hoje ? perguntou-me.
Gaguejei que sim, e novo silencio se fez. Para quebral-o Izabel gritou em direcção da casa :
— Anda depressa, rapariga ! Que lesmice...
E depois, para mim :
— Não tem saudades da sua terra ?
Despregou-se-me a lingua. Respondi que tive, mas não tinha mais.
— Os primeiros annos passei-os a chorar á noite, saudoso de tudo de lá. Só quem immigrou sabe a dôr do fructo arrancado á arvore.