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OS SIMPLES

Pelas torvas, fundas noites de invernada,
Quando os lobos uivam, quando a neve cae,
Que infinitos sustos n'uma tal morada,
Para debil virgem tão desamparada
Com um inocente nos seus braços... ai!

Como é que não treme pelo seu menino?
Como é que não chora seu piedoso olhar?
Como é que o seu labio, fresco e matutino,
Se abre n'um sorriso, precursor divino
Da estrellinha d'alva quando vae raiar?!

Não receia feras quem de rosto ledo
Sofre sete espadas sobre o coração!...
E ao filhinho a noite não lhe causa medo,
Deu-lhe Deos o mundo para seu brinquedo,
Como um fructo d'oiro tem-no ali na mão!...