Página:Sonhos d'ouro (Volume II).djvu/146

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— Vejo que aproveitaste bem teu curso!

— Se eu que amo Luísa, e estou na obrigação de amá-la toda a vida, salvo o caso de força maior, a esquecesse para casar-me aí com qualquer outra moça, seria decerto um ingrato, um monstro de perfídia. Mas sendo para casar sem amor, por cálculo, com uma boneca do valor de um milhão, daria um exemplo sublime sacrificando a paixão aos ditames da razão. Os heróis da história e da fábula são todos feitos por esse modo. O coração fica intacto; e dentro dele, como a lâmpada do santuário, arde sempre o primeiro e eterno amor. Eis como eu penso.

— E Luisinha pensará do mesmo modo?

— Deve, porque me ama.

— A razão é original!

— Julgo-a por mim. Sabes que amo tua irmã. Pois bem; aparecesse um casamento milionário para ela, e eu seria o primeiro a dizer-lhe: “Luísa, eu não sou o nec plus ultra dos homens; mas um pobre mortal com algumas qualidades e muitos defeitos. Como eu, se encontram aí pelas ruas às dúzias. Um milionário porém, meu anjo, é uma