Página:Sonhos d'ouro (Volume II).djvu/81

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— Muito séria, acudiu Ricardo.

— Confessa?

— Há nada mais sério e real do que a fragilidade humana? Eu lhe conto a história dos “Sonhos d'ouro”. É assim que chamo a florzinha amarela...

— O nome é bonito!

— Se tem outro, não sei, eu dei-lhe este. É bonito e lembra uma cousa muito agradável. “Sonhos d'ouro”!... A senhora não pode ter esse prazer; Deus, dando aos ricos a opulência, negou-lhes a ardente esperança de a obter, e reservou-a como uma compensação para nós, os pobres. É somente para nós que essa fada incomparável levanta os suntuosos castelos, os jardins encantados, os paraísos na terra. Quando a senhora me viu, eu entrava no mais belo de meus castelos, à vista do qual o rico palácio que seu pai tem nas Laranjeiras é um albergue; subia as escadas de pórfiro marchetadas de ouro. Abriam-se de par em par as portas de rubi da sala da saudade; e minha mãe aparecia-me sobre um trono de safiras. Atirei-me a ela, que recebeu-