— Papai lhe empresta.
— Não duvido; mas o difícil é pedir-lhe eu.
— Por que razão?
De boa vontade, riu-se Miguel da insistência da menina:
— Quem nada tem de seu, não pede emprestado; salvo quando não pretende pagar.
— É verdade!
Miguel recobrara o bom humor que perdera um instante com os motejos de Berta; e divertia-se com os projetos que Linda formava a seu respeito. Não era ele desses que lançam à conta dos ricos e fartos a culpa de sua pobreza; e se despeitam contra o mundo da ingratidão da fortuna. Aceitava sua condição como um fato natural e com certa filosofia prática, rara em mancebos.