A sua vista causava repugnância, queria escapar-lhe; mas as forças abandonavam-na e seus belos olhos cor de ébano estavam sobre ele fixos.
O terror, a desconfiança, a inquietação, pintavam-se no rosto pálido e aflito, no olhar fixo e pasmado dessa pobre moça.
— Meu Deus! – dizia ela consigo – Quem será este homem, e o que quer ele de mim?
Diversos eram os pensamentos do caçador.
Uma chama ativa lhe abrasava a alma, talvez a primeira que assim o requeimava, e bem ardente devia ser ela; porque ele sentia no peito ondear-lhe, e ferver em cachões o violento fogo de uma cratera. Ainda assim, mal lhe traía no rosto o que lhe ia lá na alma.
Ele deu um passo para a donzela, e ela de pronto ergueu-se, trêmula de angústia e de terror, e bradou com ânsia:
— Oh! Quem quer que sejais, senhor, que me quereis? Segui o vosso caminho, e deixai-me sossegada e tranquila.
— Meu Deus! Senhora! – exclamou ele – Não vos compreendo. Em que vos posso incomodar?!...
— Acabai, senhor, – continuou ela – esta penosa entrevista. A vossa presença não só me incomoda, como me causa susto.
— Deveras? – interrompeu o desconhecido – deveras! Úrsula, porque vos causa susto a minha presença, que mal vos hei feito? Acaso me conheceis?
— Senhor, – tornou ela com voz súplice – não me vedes a saída desta mata, necessito voltar para junto de minha mãe.
— De vossa mãe! – inquiriu o caçador com emoção – E não foi em nome dela que acabo de suplicar-vos que não me fugísseis? Úrsula,