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rabo de tatu'. Não endireitou coisa nenhuma. Com 18 annos era o Ruço a peste do bairro. atarantador dos pacificos e traiçoeiro com os escoradores.

— E' ruim inteirado, dizia o povo.

Por esse tempo navegava Rosa na casa dos trinta. Como a não estragaram filhos, nem se estragou ella em grosseiros trabalhos de roça, valia muito mais do que em menina. O tempo curou-lhe a sapiroca, e deu-lhe carnes a boa vida. Concertou de tal forma que todo mundo gabava o arranjo.

— Ninguem perca a esperança. Olhem a mulher do Elesbão, aquella Póquinha sapiroquenta, como está chibante!

A sua boniteza residia na saude dos olhos e na gordura. Na roça, gordura é synonimo de belleza; gordura e olhos azues "que nem uma conta". Além disso Rosinha cuidava de si. Virou faceira. Sempre limpa, vestida de boas chitas da sua côr, cabellos bem alisados para traz, torcidos em pericote lustroso á força de pomada de lima, não havia na serra, pimpona assim, nem moça de fazenda com pae coronel.

Suas relações com o Ruço, maternaes até ali, principiaram a mudar de rumo como quer que espigasse em homem o menino. Por fim degeneraram em namoro, medroso no começo, descarado ao cabo. A má casta dos Pócas, desmentida no decurso da primavera, reaffirmava-se afinal em plena sazão calmosa. O verão das Pócas! Que quadra!

Tudo transpira. Transpirou nas redondezas a feia maromba daquelles amores. Boas linguas, e más, boquejávam o quasi incesto.

Quem de nada nunca suspeitou foi o honradissimo Elesbão, e como na porta dos seus ouvidos paravam os rumores do mundo, a vi-