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sas de gomma, pericote luzidio rescendente a lima, quando mais?

Os vizinhos commentavam:

— O Ruço dá cabo della, como deu cabo do marido, e é bem feito.

Voz do povo...

Um dia o Ruço ameaçou de largal a se não vendesse tudo já e já, e a pobre mulher deu ao bandido essa derradeira prova de amor. Vendeu por uma bagatella o que restava accumulado pelo trabalho do defunto, a moenda, o monjolo, a casa, o cannavial em soca. E combinaram para o outro dia o ambicionado mergulho na terra roxa.

Nessa noite, altas horas, Rosa despertou suffocada por fumaceira. A casa ardia. Salta como louca da enxerga e berra pelo Ruço. Ninguem responde. Atira-se contra a porta e encontra-a fechada por fóra. O instincto fal-a agarrar o machado e romper o taboado fragil. Rola para o terreiro com as vestes em fogo, precipita-se no tanque e, liberta das chammas, cae inerte para um lado, justamente onde, vinte annos atraz, estivera o engeitadinho chorando ao relento...

Quando, de manhã, passantes a recolheram, estava d'olhos pasmados, e muda. Levaram-n'a em maca para o hospital, onde sarou das queimaduras, mas nunca mais do juizo. Foi feliz, Rosa. Enlouqueceu no momento preciso em que ia tornar-se-lhe a vida um puro inferno.

O Ruço...

O Ruço abalou com o dinheiro. Dizem uns que corre o Oeste como ladrão de cavallos. Outros, que já tem negocio e prospera. Eu pendo para esta ultima opinião, e tenho esperanças de vel-o ainda coronel, vereador, ou