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passos, para lá se dirigiam, Zilda e Zico correram ao diccionario.

— Não é com S, disse o rapaz.

— Veja com C, alvitrou a menina.

Com algum trabalho encontram a palavra.

— Dôr de cabeça! Ora! ora! Uma coisa tão simples...


A' tarde, no gyro a cavallo, Trancoso admirou e louvou tudo quanto os olhos enxergaram, com grande espanto do fazendeiro que pela primeira vez ouvia gabos ás coisas suas.

Os pretendentes, em geral, malsinam de tudo, com olhos abertos só para os defeitos: diante de uma barroca abrem-se em exclamações sobre o perigo das terras frouxas; acham más e poucas as aguas; se enxergam um boi não despegam a vista dos bernes. Trancoso, não. Gabava! E quando Moreira, nos trechos mystificados, apontou os padrões com dedo tremulo, o moço embasbacou:

— Caquéra! Mas isto é raro!

Em face do páu d'alho culminou-lhe o assombro.

— E' maravilhoso o que vejo! Nunca suppuz encontrar nesta zona vestigios de semelhante arvore! — disse mettendo na carteira uma folha como lembrança.

Em casa abriu-se para com a velha.

— Pois, minha senhora, a qualidade destas terras excedeu de muito á minha expectativa. Até páu d'alho! Isto é positivamente famoso.

D. Izaura baixou os olhos.

A scena passava-se na varanda.

Era noite.

Noite trilada de grillos, coaxada de sapos, com muitas estrellas no ceu e muita paz na terra.