Página:Urupês (1919).pdf/137

Wikisource, a biblioteca livre
— 132 —

— E' agora! disse o velho. O ladrão gostou da pandega e quer repetir a dose, mas desta feita curo-lhe a balda, ora se! — concluiu esfregando as mãos no antegozo da vingança.

No murcho coração da pallida Zilda, entretanto, bateu um relampago de esperança; a noite de su'alma alvorejou ao luar de um "Quem sabe?" Não se atreveu, todavia, a arrostar a colera do pae e do irmão, concertados ambos n'um tremendo ajuste de contas. Confiou no milagre. Accendeu outra velinha ao Santo Antonio...


O grande dia chegou. Troncoso rompeu pela fazenda caracolando o Rosilho. Desceu Moreira a esperal-o em baixo, de mãos ás costas. Antes de soffrear as redeas já o amavel patife abria-se em exclamações.

— Ora viva, caro Moreira! Chegou emfim o grande dia. Desta vez compro-lhe a fazenda.

Moreira tremia. Esperou que o biltre apeasse e mal Trancoso, lançando as redeas, dirigiu-se-lhe de braços abertos, todo risos, o veiho saca de sob o jaleco um rabo de tatu' e rompe-lhe por cima com impeto de queixada.

— Queres fazenda, grandessissimo tranca! toma, toma fazenda, ladrão! — e "lepte". "lepte", finca-lhe rijas rabadas colericas.

O pobre rapaz, tonteado pelo imprevisto da aggressão, corre ao cavallo e monta ás cegas, de passo que Zico The sacode no lombo nova série de lambadas de aggravadissimo quasicunhado.

D. Izaura atiça-lhe cães:

— Péga, Brinquinho! Ferra, Joli!

O mal azarado comprador de fazendas, acuado como raposa em terreiro, dá de esporas e foge a toda, sob um chuveiro de insultos e pedras. Ao cruzar a porteira inda teve ou-