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ra a mão? Quer abandonar os amigos? E a disciplina partidaria onde fica, meu caro palerma?

Não convinha a ninguem a sahida de Biriba.

Quem mais serviçal? Lembravam-se dos estafetas anteriores, malcriados, inimigos de trazer um papel d'agulhas fosse para quem fosse. Não sahiria. Itaóca impunha-lhe o sacrificio.

Mas a tortura do diario chocalhar por sete leguas das visceras do Biriba acabou por desconjuntar nelle o cimento da lealdade politica. O martyr abriu os olhos. Lembrou-se com saudades dos ominosos tempos do coronel Evandro, das delicias do botequim e até do calamitoso periodo de degradação phosphorica. Peiorára após a victoria, não havia duvida.

Este livre exame de consciencia — crêde-me — foi o inicio da quéda do coronel Fidencio. Biriba, o firme esteio, apodrecia pelo nabo. Viria abaixo, e, com elle, a cumieira do pardieiro politico. Na sua alma vascolejada a vibora da trahição armou o ninho.

Como o novo pleito estava ás portas, nova victoria seria para o estafeta novo triennio de martyrio. Biriba ponderou de si para sua egua que a salvação de ambos estava na derrota. Demittiam-n'o e elle, veterano e martyr do fidencismo, continuaria com jus ao apoio do partido sem padecer pela via coccygeana o contacto odioso das sete horas diarias de socado.

Deliberou trahir.

Na vespera da eleição incumbiu-o Fidencio de trazer da cidade um papel importantissimo para o tribofe das urnas. Sei lá o que era. Um "papel". A palavra "papel", dita assim em tom de mysterio, traz no bojo "coisas"!

Não pesco de eleições. Não sei positivamen-