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te se um "papel", que não o mikado, terá força para decidir dessas almorreimas sociaes. Sei, porém, que tudo dependia do "papel", e tanto, que a missão do Biriba era secreta. Fidencio frisou a gravidade da incumbencia, a maior prova de confiança jamais dada por elle a um cabo eleitoral.

— Veja lá! A nossa sorte está nas suas mãos. Isto é que é confiança, hein?

Partiu Biriba; recebeu na cidade o "papel" e rodou para traz. A meio caminho tomou certa errada, foi ter á biboca d'um negro velho, soltou a egua e pegou de prosa com o gorilha. Cahiu a noite e Biriba deixou-se ficar. Alvoreceu o dia seguinte, e Biriba quieto. Dez dias se passaram assim. Ao cabo, arreou a egua, montou e botou-se para Itaóca como se nada houvéra acontecido.

Foi um assombro a sua apparição. Baldadas as tentativas para apanhal-o no dia do pleito e nos posteriores, deram-n'o todos como papado pelas onças, elle, egua, mala postal e "papel". Vel-o agora surgir sãosinho e socegado, foi um abrir de bocca e um pasmar á villa inteira. Que foi? Que não foi?

Biriba a todas as perguntas armava na cara a suprema expressão da idiotia. Nada explicava. Não sabia de nada. Somno cataleptico? Feitiço? Não comprehendia o succedido. Afigurava-se-lhe ter partido na vespera e estar de volta no dia emprazado.

Ficaram todos maravilhados, com asnissimas caras. Fidencio delirava na cama com febre cerebral. Perdera a eleição redondamente. "Derrota fedida", arrotavam os do Evandro, atuchando foguetes d'assobio.

Em consequencia do inexplicavel eclypse do estafeta senhoreou-se do rebenque o exominoso Evandro. Começou a derrubado. O