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— Pois meu caro, prendo-te por cá. Já não vaes sem conheceres o meu seio de Abrahão e matar bem matadas as saudades.

Durante estas expansõcs a micnina do avental não arredou pé da sala, e eu, volta e meia, regalava meus olhos na linda creatura que ella era.

Fausto, percebendo-o, apresentou-m'a:

— Laurita, nossa prima.

— Já nos conhecemos, disse eu.

— D'onde? exclamou surpreso.

— D'aqui mesmo, e de ha cinco minutos.

— Farcista! Olha, Laura, vê lá que nos tragam um café.

A menina ao retirar-se poz no andar esse requebro que o instincto aconselha ás moças na presença de um moço casadoiro.

— Galantinha, hein? disse Fausto mal se fechou a porta.

— Linda! exclamei carregando com furia no i. Que frescura! Que corado!

— O corado corre á conta do forno. Estão lá todos a assar bolinhos de milho. Não conheces minha mulher? Familia Leme, da Pedra Fria. Casei-me logo depois de formado, e aqui vivo alternando seis mezes de roça com outros tantos de capital.

— Excellente vida. E' o sonho de toda a gente.

— Não me queixo, nem quero outra.

— Colheste, então, o pomo da felicidade?

Fausto não respondeu, e como o café entrasse no momento a conversa mudou de rumo. Trouxe-o Laura, com bolinhos quentes.

— D. Laurita, estou adivinhando que este foi enrolado pelas suas mãos, lamechei eu tomando um delles.