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E que chambões e sornas os perys de calça, camisa e faca á cinta!

Isso para o futuro. Hoje ainda ha perigo em bulir no vespeiro: o caboclo é o Ai Jesus nacional.

E' de ver o orgulhoso entono com que respeitaveis figurões batem no peito exclamando com altivez: sou de raça de cabocio!

Annos atraz o de que se orgulhavam era d'uma ascendencia de tanga, inçada de pennas de tucano e dramas intimos obrigados a flexaços de curare.

Dia virá em que os veremos, murchos d'orgulho, confessar o verdadeiro avô, um dos quatrocentos de Gedeão trazidos por Thomé de Souza n'um "Satellite" daquelles tempos, nosso mui nobre e fecundo "Mayflower".

Porque a verdade nu'a manda dizer que entre as raças de variado matiz formadoras de nossa nacionalidade, e meltidas entre o estrangeiro voraz que tudo invade e o aborigene de taboinha no beiço, uma existe a vegetar de cocaras, incapaz de evolução, impenetravel ao progresso.

Feia e sorna, nada a põe de pé.

Quando Pedro I lança aos echos o seu grito historico, o o paiz desperta estrouvinhado á crise duma mudança de dono, o caboclo ergue-se, espia, e acocóra-se de novo.

Pelo 13 de Maio, mal esvoaça o florido decreto da Princeza, e o negro exhausto larga n'um uff! o cabo da enxada, o caboclo olha, coça a cabeça, 'magina, e deixa que do velho mundo venha quem nelle pegue de novo.

A 15 de Novembro substitue-se um throno vitalicio pela cadeira quadrienal. O paiz estremece ante o inopinado da mudança. Mas o caboclo não dá pela coisa.

Vem Floriano, estouram as granadas de