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Aos domingos vae á villa bifurcado na magreza ventruda da "Serena", e leva appenas á garupa um filho, e, atraz, o potrinho no trote, mais a mulher de criança enrolada no chale. Fecha o cortejo o indefectivel Brinquinho, a resfolgar com um palmo de lingua de fóra.

O acto mais importante da sua vida é sem duvida votar no governo. Tira nesse dia da arca a roupa preta do casamento, sarjão furadinho de traça e todo vincado de dobras, entala os pés n'um alentado sapatão de bezerro, ata ao pescoço um collarinho de bico e, se engravata, ringindo e mancando, vae pegar diploma ás mãos do chefe Coisada, que lhe retem para maior garantia da fidelidade partidaria.

Vota. Não sabe em quem, mas vota. Esfrega a penna no livro eleitoral, arabescando e cinco bons minutos o aranhol de gatafunho tremidos a que chama a sua graça.

Se ha tumultos, chuchurreia de pé firme com heroismo, as porretadas opposicionista e ao cabo segue para a casa do chefe, de galo civico na testa e collarinho sungado para traz, afim de lhe depor novamente nas mãos o "dipeloma". O morubixaba, grato e sorridente, galardoa-lhe o heroismo flagrantemente documentado pelo latejar da calo com um aperto de não, e a promessa, para logo, d'uma inspectoria de bairro.

Representa este o typo classico do sitiante, já com um pé fóra da classe. Excepção, discreto que é, não vem ao caso. Trata-se aqui de regra e a regra é Geca Tatu'.

Geca por dentro rivalisa com Geca por fóra. O mobiliario cerebral, á parte o succulenta do recheio de superstições, vale o do casebre. banquinho de tres pés, as cuias, o gancho de