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Twain. Compendia-os um Chernoviz não escripto, monumento de galhofa onde não ha rir, lugubre como é o epilogo. A rede na qual dois homens levam á cova as victimas de semelhante pharmacopéa é o espectaculo mais triste da roça.

Applica as meisinhas o "curador", um Eusebio Macario de pé no chão e cerebro trancado como moita de taquarussu'. O vehiculo usual das drogas é sempre a pinga, meio honesto de render homenagem á deusa Cachaça, divindade que entre elles inda não encontrou hereticos.

Doenças haja que remedios não faltam.

Para bronchite, é um porrete cuspir o doente na bocca de un peixe vivo e soltal-o: o mal se vae com elle agua abaixo.

Para "quebranto de ossos" já não é tão simples a medicação. Tomam-se tres contas de rosario, tres brotos de alecrim, tres limas de bico, tres iscas de palma benta, tres galhinhos de arruda, tres ovos de pata preta (com a casca, sem ella desanda) e um saquinho de picuman: mette-se tudo numa gamella d'agua, e banha-se o doente, fazendo-o tragar preliminarmente tres goles da zurrapa. E' infallivel.

O especifico da brotoeja consiste em cosimento de beiço de pote para lavagens (razão de só encontrarem potes esbeiçados). Ainda ha aqui um pormenor de monta: é preciso que antes de usar o banho a mãe do doente molhe na agua a ponta da sua trança. As brotoejas saram como por encanto.

Para dor no peito que "responde na cacunda", calaplasma de jasmin de cachorro é um porrete.

Além desta allopathia, para a qual contribue tudo quanto de mais repugnante e inocuo