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Mas o Major? Porque não ria á ingleza, nem á allemã, nem á franceza, nem á brasileira? Qual o seu genero?

Um trabalho systematico de observação e uma methodica exclusão de generos já provados inefficientes, levaram Pontes a descobrir a fraqueza do rijo adversario. O major lambia as unhas por casos de inglezes e frades. Era preciso, porém, que viessem juntos. Separados negavam fogo. Exquisitices de velho. Em surgindo bifes vermelhos, de capacetes de cortiça, roupa enxadrezada, sapatões formidolosos e cachimbo, e ao lado frades redondos, namorados da pipa e amigos da polpa feminina, lá abria o major a bocca, e interrompia o serviço da mastigação, como crisuiça a quem acenam com cocada; e quando o lance comico chegava, elle ria com gosto, abertamente, embora sem exaggero capaz de lhe transtornar o equilibrio sanguineo.

Pontes, com infinita paciencia, bancou nesse genero, e não mais sahiu dalí. Augmentou o repertorio, a gradação do sal, a dóse de malicia, e hombardeou systematicamente a aorta do major com os productos da sua habil manipulação.

Quando o caso era longo, porque o narrador o florejava no intento de esconder o desfecho e realçar o effeito, o velho interessava-se vivamente e nas pausas manhosas pedia esclarecimentos ou contiuação:

— "E o raio do bifstek?" "E dahi?" "Mister John apitou?"

Embora tardasse a gargalhada fatal, o futuro collector não desesperava, confiado no apologo da bilha que de tanto ir á fonte lá ficou.

Não era máu o calculo. Tinha a psychologia por si, e teve tambem por si a quaresma