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— E' para ver! Desconfiem das sonsas... Fugiu, e lá rodou com elle para a cidade — não para casar, nem para enterrar. Foi ser moça" a pombinha...

O incidente ficou a azoinar-me o bestunto. A' noite perdi o somno revivendo scenas da ultima visita ao sitio, e disso brotou a ideia de lá tornar. Para? Confesso, mera curiosidade, para ouvir os commentarios da triste velhinha. Que golpe! Desta feita ia-se-lhe a rijeza de cerne.

Fui.

Setembro entumecia gommos novos em cada arbusto. Nenhuma neblina. A paizagem desenhava-se nitida até aos cabeços dos morros e ás distantes serras azues.

Por amor á symetria montava eu o mesmo picarso. Transpuz a mesma porteira. Atalhei pelo mesmo trilho.

No corrego vi, com os olhos da imaginação, o vulto da menina envergonhada, com o pole descançado na lage e toda ás voltas com a rodilha. Mais uns passos e a tapera antolhou-se-me deserta. As tres arvores do pomar extincto eram já galhaça resecca e poenta. Só os mamoeiros subsistiam, mais crescidos, sempre apinhados de fructos. O resto peiorára, descambando para o lugubre. Ruira o vitão e o terreirinho pintalgara-se de moitas de guanxuma, cordão de frade e joás:

— O' da casa!

Silencio. Tres vezes repelli o appello. Por fim surgiu dos fundos uma sombra acurvada e tremula.

— Bom dia, nha Joaquina. Está o seu Zé?

Não me reconheceu a velhinha. O Zé fôra á villa vender aquillo para mudar de terra. Fez-me entrar, logo que me dei a conhecer, pedindo escusas da má vista.