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ca? E' só chá de lingua, pé, pé, pé, mas chegar mesmo, quando! O guampudo conheceu arruda pelo cheiro!

E assombrou o velho com muitos lances heroicos, quebramentos de cara, escóras de tres e quatro, o diabo. E concluiu:

— O dia está ganho, compadre, largue disso e vamos molhar a garganta.

A molhadela de garganta excedeu a quanta bebedeira tinham na memoria.

Nunes, Maneta e Pernambi, confraternisaram num bolo acachaçado, commemorativo da victoria, babujantes, até que uma somneira lethargica os derreou como postas de carne inerte espanhadas pelo chão.

A mulher, com a derradeira Maria pendurada ao seio magro, olhava para aquillo, sacudindo a cabeça, scismativa:

— Que monjolo sairá disto, mãe do céu!


Evaporados os fumos do alcool, tornaram á peroba, no dia seguinte, muito acamaradados.

A cachaça cimentára o compadresco antigo, e a feitura do monjolo foi iniciada com grande quebreira de corpo.

Nunes passava os dias na obra, vendo o compadre desbastar a madeira com um braço só. Pasmava daquillo, e do adjutorio que ao braço perfeito dava o toco aleijado. Entrementes, debulhavam historias. O velho sabia coisas, e Nunes respondia com outras, tendenciadas sempre a patentear a ruindade dos Porungas.

Falquejado o tóro, correram a linha, empapada num mingáu de carvão. Pegue nesta ponta, compadre, dizia o velho, agora estique; isso. E tomando na ponta dos dedos o