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guejola que o vingava tão a pique. Meditou um plano, e lá um dia transpoz o espigão, rumo á casa do rival. Quando voltou vinha espremendo risos fungados.

— Eh! eh! minha gente! Vocês nem calculam. Quando quebrei o serrote já ouvi o barulho, "chóó-pan", uma ronqueira dos diabos. Disse cá commigo: roncar, elle ronca, eh! eh! Fui chegando. O Nunes, jururu', estava debulhando milho na porta. Quando me viu entreparou, a modo que assombrado. E' de paz, — eu disse, — e me plantei diante delle : — dois chefes de familia, inda mais vizinhos, não podem viver assim toda a vida, de focinho "trucido" um p'r'o outro. O que foi, foi, Acabou-se. Toque !

Elle relanceou os olhos p'ra o lado da rouqueira, eh! eh! e muito desconchavado espichou a mão sem abrir o bico. Traga um café, gritou p'ra dentro. Enfiei os olhos pela casa: estava "assim" de mulherada na cozinha! Peguei de prosa. Elle foi respondendo. Conversa sem graça, amarradinha. Por fim especulei: e o monjolo, vizinho, ficou na ordem? Nunes amarellou que nem esta folha!

— "E' bomzinho, disse, rende bem...

— "Quero ver, eu disse, se não é curiosidade...

— "Pois vá, respondeu sem se mexer do lugar.

Eu fui.

Nossa Virgem! Aquillo nunca foi monjolo nem aqui nem na casa do diabo! Só se vê amarrilhos de cipó, e espeque, e macaco. A haste tem nove palmos e o cocho a mó' que tem dez!

— Quiá! quiá! quiá! cacarejou a roda, que em materia de monjolo era muito entendida.

— A mão não pesa, "home", não pesa nem