Uma pequena sahiu no encalço do irmão. cabeça oscillava de um lado para outro, como se lhe houvessem desossado o pescoço. Da bocca escorria baba e, molhadas nella sahiam palavras vagas, mal atadas.
Subito um grito, longe, alvorotou a casa.
— Mãe, acuda!
A mulher, estrouvinhada, surge de dentro, orienta-se, e corre para onde a voz. As filhas, assustadas, disparam atraz, rumo ao monjolo.
Redobram os gritos, de dôr, de desespero.
— Coitadinho do meu filho! — uiva lá longe a mãe.
Nunes soergue-se, amparado ao portal.
— Que é isso? — grunhe.
Dá de cara com a mulher, que voltava como louca, descabellada, a falar sósinha.
— Que é que foi, mulher?
A pobre mãe, arrostando com o marido, afuzila nos olhos um raio de cólera incoercivel.
— O que é? E' a tua obra, cachaceiro do inferno! E' a tua pinga, homem atôa, esterco immundo! Vá ver! vá ver! vá ver, desgraçado!
Nunes dirige-se para lá aos cambaleios.
E topa um quadro horrendo.
No meio das filhas em grita, o corpinho magro de Pernambi de borco no pilão. Para fóra, pendentes, duas pernas franzinas. E o monjolo, impassivel, subia e descia, "chóó-pan", pilando uma pasta vermelha de farinha, miolos e pellanca...
Esvairam-se-lhe os vapores do alcool e Nunes, em semi-demencia, correu ao machado, ringindo os dentes, entre uivos:
— Chegou o dia, desgraçado !
Foi uma scena lugubre aquillo.
O louco arremessava, entre rugidos de có-