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Reflexões sobre a Vaidade dos Homens (1980)/XLI

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Nas paixões é natural o entreter-nos cada uma com a esperança, que lhe é própria; e com efeito nada é mais agradável do que uma esperança lisonjeira. O desejo se deleita em meditar no bem, que espera; e a natureza, a quem as paixões têm sempre em acção, não cessa de guiar o pensamento para aquela mesma parte, para donde a nossa inclinação propende; por isso o amor continuamente nos promete, que há-de acabar a tirania, e que cedo há-de vir a feliz correspondência; o ódio nos segura, que vem chegando o dia da vingança; e finalmente a vaidade só nos oferece ideias de respeito, e de grandeza; e desta sorte não vivemos, esperamos a vida.