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A CONFEDERAÇÃO DOS TAMOYOS

Que em fórma de pyramides se elevam,
Ou de egypcias columnas, sustentando
Nos verdes capiteis de eternos bosques
O vastissimo tecto de saphira.
Rôxas, purpureas nuvens, d’ouro orladas,
Se curvam, se ensanefam e arcos formam,
Que ao triumphante sol entrada ampliam.
É hora da partida! A sensitiva,
Que da noite o langor emmurchecêra,
Se desperta e desdobra as verdes folhas.
Das palmeiras os grelos como lanças
Igneas lampejam co’o fulgor diurno,
E o aroma matinal o campo exhala.
É hora da partida! Bramam feras
Nos covís do deserto; o hymno de gloria
Ao Creador entôa a Natureza,
E a voz lhe cadenceia o alado côro,
Que alegre pelas comas verdejantes,
Antes de ir procurar seu alimento,
Com suaves gorgeios e trinados
Parece graças dar á Providencia,
E aos homens ensinar a dar-lhe graças.