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A CONFEDERAÇÃO DOS TAMOYOS

« Queres pois qu’eu responda? Bem, escuta,
Mas deixa-me dizer tudo o que penso.
Tudo isto é muito bom p’ra quem deseja
Converter seus irmãos em seus escravos,
Gozar á custa do suor alheio,
E em paz como senhor viver mandando.
Que importa a meus irmãos que eu tenha muito,
Si elles devem soffrer p’ra que eu só goze?
Nem eu quero gozar á custa delles.
O direito do chefe é ser na guerra
O primeiro a marchar e expôr-se á morte,
E mostrar-se valente mais que todos,
Para que os mais o imitem e lhe obedeçam;
Que fóra do combate iguaes são todos.
Eu porém vejo aqui os teus guerreiros
Trabalhar para ti; não enfeitados
Como tu, mas com sujos, rotos pannos,
Banhados de suor, que mal os cobrem.
Quando comes sentado, em pé ’stão elles,
E depois vão roer os teus sobejos!
E entre nós até mesmo o estrangeiro
E o inimigo comnosco juntos comem!