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A CONFEDERAÇÃO DOS TAMOYOS

Pune os erros dos pais co’as mãos dos filhos,
E prostra o oppressor aos pés do oppresso.
Thronos cahem, thronos se erguem! Reis e povos
Como as ondas do mar sobem e descem!
Do pensamento humano o sopro ardente,
Que da Razão perenne a luz recebe,
As novas gerações inflamma e anima,
Máo grado os antepostos refractarios!
A vida é movimento, e a humanidade
Como tudo caminha e se renova;
Mas Deos, unico, immovel permanece:
A seus eternos planos nada é tarde,
Nada é cedo, tudo é quando ser deve,
Que presentes lhe são os tempos todos.
Como vês, n’um olhar, deste alto monte,
O que andando verias pouco a pouco,
Assim Deos tudo vê n’um só momento,
Sem passado ou porvir tudo domina!
E as almas puras, já do corpo extremes,
Da terra pela morte resgatadas,
Vêem co’os olhos de Deos o que estás vendo,
Qu’inda é futuro p’ra os humanos olhos.