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CANTO VI.
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No céo sobre aureo fundo luminoso,
Que em rosea vibração no azul se perde.
Dulios sons de suavissima harmonia
Se evaporam nos ares perfumados.
Estatico adorando o puro emblema,
O santo guia ás nuvens se levanta
Por dous alados Anjos sustentado:
E o Indio absorto cahe sobre os joelhos,
Na cruz fitando estatelados olhos,
Mãos e braços erguidos, todo immovel;
Como si o espanto do prodigio immenso
Petrificado lhe deixasse o corpo,
E em seu arranco lhe soltasse a alma.

Mas o corpo que dorme, e a alma que sonha,
Como si outra alma fosse em outro corpo,
Diversa commoção experimentam.
Da rêde se alça o Indio mal desperto,
E entre o sonho e a vigilia inda confuso,
Vendo a grata visão esvaecer-se:
« Salva-me, oh Cruz! » exclama, e de joelhos