Página:A Confederação dos Tamoyos.pdf/233

Wikisource, a biblioteca livre
CANTO VII.
211

Calado obedecer com rosto alegre,
Soffrer sem murmurar, comer chorando;
Trabalhar, trabalhar ao sol e á chuva,
E isto p’ra que um senhor tranquillo viva!…
Ah! tu não sabes o que é ser escravo;
E eu sei o qu’isso é… Quando em tal penso
Abrasa-me o furor… Meu pai, coitado!
Na escravidão morreo: e si inda eu vivo
É só para vingar tão grande infamia.
Elles m’o pagaráõ co’um mar de sangue!
Podesse o mar rolar os seus cadav’res
Até ás praias que embarcar os viram,
Que eu ás ondas seus corpos arrojára,
P’ra que fossem de nós levar noticia
Aos amigos e irmãos que lá ficaram. »

Dest’arte discorrendo os dous chegaram
A um valle, onde por terra se estendiam
Ingentes troncos de arvores annosas,
Que os machados a custo derrubaram,