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CANTO VIII.
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Co’a sua gente prompta e apercebida
Por aviso de Anchieta os esperava.
Mas como o soube Anchieta? Quem lh’o disse?
Algum Anjo talvez lh’o revelára!

O servo do Senhor, joven, ardente,
Nesse viver de ascetico eremita,
Em continuos jejuns, longas vigilias,
Prégações e trabalhos excessivos,
Tinha, á custa do corpo e dos sentidos,
As potencias do espirito exaltado;
E arroubado em seus extasis divinos,
Via co’os olhos d’alma algumas vezes
O futuro sem véo apresentar-se.
Foi n’um desses transportes estupendos,
Em que a alma dos sentidos se liberta,
Qu’elle teve a visão do mal propinquo;
Alto favor do céo, que tantas vezes,
Sempre talvez, em prol da humanidade
Que o aprecia tão mal, se manifesta.
Ah não faltam prophetas que revelem