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A CONFEDERAÇÃO DOS TAMOYOS

Ao clarão dos troantes arcabuzes,
Que entre nuvens de fumo relampejam,
Vê-se um chuveiro de emplumadas frechas,
Que de todos os lados disparadas
Se cruzam, se atropellam, se abalroam,
E pelos ares pavorosas zunem;
E esse crebro zunir simula o vento
Por entre taquaraes bramindo irado.
A espessa alluvião, que no ar negreja,
Da lua o disco e o mesto alvor obumbra;
E o proprio dia convertêra em noite,
Si o sol nesse momento se mostrasse.

Não contarei os golpes e as frechadas,
E os tiros, que p’ra sempre nessa noite
Tantas almas dos corpos separaram.
Por terra em borbotões jorrava o sangue;
E o odór do sangue, e os gritos dos feridos,
E os arquejos finaes dos moribundos,
Mais da guerra o furor exasperavam.