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CANTO X.
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Entre os cirios do céo se erguia a lua,
Longa zona argentina reflectindo
Sobre o mar salpicado de ardentia:
Disseras ser um rio de luz pura,
Que de vulcão celeste á flux surgindo,
Em campo diamantino deslizava.

Ao fulgor dessa luz tão cara aos vates,
Elle co’o seu bordão ia escrevendo
Seus espontaneos versos sobre a areia,
Que das vagas os beijos alizaram;
E na firme memoria recolhendo
Essa correcta pagina, deixava
Que o mar na enchente lhe varresse os traços.

Quantas vezes Aimbire receioso
Desse nocturno vaguear na praia,
Se escondia co’os seus, e o surprendia
No poetico arroubo murmurando;
Ora os olhos p’ra o céo erguendo e os braços,