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CANTO II.
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Uma montanha enorme de átras nuvens,
Para a seus olhos esconder taes scenas.
Que tenho eu visto, e que soffrido tenho!
De vós, oh moços, o vigor conservo;
De vós, oh anciãos, tenho a experiencia
Colhida á custa de arduos sacrificios.
Porém mais que vós todos reunidos
Segredos aprendi de estranhas gentes:
Com ellas batalhei co’a setta e o raio,
E hoje o mysterio de Tupan conheço!
Tupan que se apresente, então veremos
Qual de nós dous melhor dispara o raio.
Eis o meu, não o escondo! » Isto dizendo
Tira do cinto uma pistola armada,
O braço estende, e para o céo dispara;
E a bala foi ferir uma ave negra,
Que no espaço mil gyros descrevendo,
Cahir veio a seus pés inda guinchando,
Quentes gottas de sangue sacudindo
Sobre a assombrada turma estupefacta.
Alvorota-se o campo; e quantos ouvem
O inopinado estrondo p’ra alli correm,