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CANTO II.
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Bem depressa senhores se fizeram;
Em nossos bosques foram-se estendendo
Sempre de fogo contra nós armados.
Suas victimas fomos, seus escravos!
Nossas mãos dos sertões levaram troncos,
Ergueram seus casaes; e até por elles
Mil vezes contra os nossos combateram!
Oh dura ingratidão! Morrer por elles,
Sermos em nossa terra seus escravos,
E em troco só affrontas recebermos!
Oh dura ingratidão! O Aimoré fero,
Que d’agua tem horror, e sangue bebe;
O Aimoré, que co’o tigre rivalisa,
E a quem só praz a guerra e o sangue nosso,
Tanto horror, tanta infamia não pratica.
O Aimoré tem a côr dos Emboabas!
Eu mesmo lhes servi na flôr da vida,
Minhas mãos calejei, mandando a flecha
Seu sustento buscar no ar, nos bosques.
Meu pai morreo sem honras de guerreiro,
Sem funeral. Eu mesmo abri-lhe a cova
No logar em que ao sol se elle aquecia,