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A CONFEDERAÇÃO DOS TAMOYOS

E a doce viração embalsamada,
Por entre os verdes ramos susurrando,
Vinha seus frescos sôpros espargindo.
Brilhavam no occidente argenteas nuvens
Sobre ondas d’ouro e purpurinas faxas;
E as aves renovavam seus gorgeios
Em despedida ao sol, que transmontava.

Era o tempo em que o bello cajueiro,
Cujos frondosos ramos o chão tocam,
Se ia tornando avaro de seus fructos,
Que ostentam do carmim e do ouro as mesclas,
E de verdes castanhas se coroam.
Chorava o tronco seu lagrimas de ambar,
Que umas sobre outras em crystaes pendiam;
Desta resina o pó n’agua solvido
É para os Indios grata medicina,
De balsamico aroma; de seus fructos
Fabricam elles precioso nectar;
E quem mais talhas tem d’este aureo vinho,
Mais rico se reputa entre os selvagens.