— Escute: eu vou contar-lhe maravilhas em relação ao Reis — Mas o processo? — Que nos importa semelhante massada?... deixá-los falar, e discutir; nós já sabemos
como havemos de votar.
— O senhor como vota?
— Votarei de modo que o réu seja necessariamente absolvido.
— Então tem certeza de que ele é inocente?
— Deve sê-lo sem a menor dúvida.
— Por quê?...
— Porque não menos de dois compadres e de três amigos meus se empenharam para
que eu o absolvesse.
— E tem razão: não posso acreditar que dois compadres e três amigos de um juiz fizessem a este a injúria de pedir-lhe uma sentença injusta, julgando-o capaz de um prejuízo e
de um sacrifício de consciência.
— Deveras?...
— O que me parecia, era que semelhantes pedidos e empenhos deviam ser exclusivamente reservados para servirem de luz aos jurados